sábado, 22 de novembro de 2008

O Parto

Venho vos contar hoje como foi o parto. Espero que estejam bem sentados, pois é um bocadito grande.

Tudo começou no dia 18 de Novembro. A noite tinha sido passada quase sempre acordada com a minha mãe. Estava excitada e nem sabia porque. Fartava-me de mexer dentro da minha casinha, e a minha mãe nem pregou olho. Levantámo-nos de manhã, e já nessa altura a minha mãe comentava com o meu pai que se sentia esquisita. Contrações é que nem ve-las, pelo que nada fazia prever que eu viesse cá para fora. As ditas começaram por volta das 13h, mas eram bastante irregulares. Caiu a noite, e as contrações apertaram. Já não havia uma única contracção que não provocasse uma sensação de rasgar. Pareciam facas a subir pela casinha a dentro, que não pediam licensa para entrar.
Como a minha mãe não tinha qualquer experiência, as dúvidas eram mais que muitas mas, continuavamos à espera sem querermos ir muito cedo para a maternidade. Controlávamos as horas das contrações e eram já bastante regulares, quase todas menos de 10 minutos, isto entre as 20h e as 22h.

- Se vamos à Maternidade, é agora ou nunca. - dizia o meu Pai
- Mas e se vamos muito cedo? Não quero lá chegar e voltar para trás - respondia a minha mãe
- Vamos, e se for para voltar para trás, já ficamos mais descansados- Concluia o meu pai.

Eram 23h quando demos entrada na MAC. Uns minutos depois eramos chamados. Fomos atendidos por uma enfermeira super simpática, que nos colocou a fazer CTG. As novidades vindas do CTG eram as mesmas que já sabiamos: contracções regulares de 7 minutos. E veio o toque logo depois. Este exame sim, deu novidades: estava tudo mais que verde! Ele era colo fechado, ele era Sara muito subida, estava tudo bem.
Conclusão, saímos da MAC eram 1h00, com a recomendação de andar amanhã logo de manhã desde os Restauradores até ao Marquês. Andar muito, mas muito andar. Não um andar qualquer, tinha de ser a subir, tinha de custar. A minha mãe já para andar lhe custava, quanto mais subir. Não sabia se as contracções lhe causavam tanta dor como a dor de ter que ir de novo para casa, não dormir mais uma noite. A saturação, o desespero já estavam bem presentes. Apenas uma coisa lhe daria uma alegria imensa: eu decidir nascer.

Olhámos para o despertador antes de puxar o lençol para cima, eram 2h00. As contracções mantinham-se, e pregar olho, estava fora de hipótese. Passaram uns minutos, e no meio das contracções a minha mãe ia fechando os olhos, até que... de repente acordou! Chamou imediatamente o meu pai, dizendo que tinha sensação que tinha perdido líquido.

- Amor, acorda! Acho que perdi liquido! Olha as minhas cuequinhas todas ensopadas! - Dizia espantada a minha mãe
- Mas, acabámos de vir da MAC... estava tudo atrasado... como pode? - Dizia confuso o meu pai.

Meio atarantados, sem ter a perfeita certeza de que era realmente líquido, e que a minha mãe não teria estado a sonhar, decidimos andar pela casa. Abraçados um ao outro, percorriamos a sala, depois a cozinha, dávamos a volta no quarto, e voltámos para trás. Eu, na minha casinha, deliciava-me com estes pormenores e não parava de me mexer. Duas voltas depois, saía mais um pedacinho de líquido. Estava aí a confirmação. Olharam um para o outro e vestiram-se em seguida. Nova visita à MAC estava já em marcha, e as contracções sempre a acompanhar. Ligaram o carro, e ao ligar o rádio, estava no ar a música dos Perfume. O meu pai aumentou o volume, e fomos o resto da viagem a cantar os 3 a música.

Eram 3h da manhã quando demos todos entrada na MAC pela segunda vez. A cara da enfermeira simpática esboçava novo sorriso, ao perguntar porque tinhamos voltado. A senhora da bata branca que tinha sido um amor da primeira vez, não desiludiu na segunda. Prontamente fez novo toque, para procurar se haveria uma ruptura da bolsa. Assim que inicio o exame, ouviu-se um "ploc" e mais líquido saiu da minha casinha.

- Pronto, já não sai de cá! - Dizia a senhora da bata branca
- Ai que bom! - Foi como se tirassem um peso de 5 toneladas de cima da minha mãe.

Finalmente parecia começar a existir uma ténue luz ao fundo do túnel. Mas a minha mãe também sabia que o pior ainda estaria para vir. Pensou como seria tê-la finalmente nos braços para afastar os pensamentos menos bons. Entretanto mandaram avisar o meu pai, que desesperava na sala de espera. Assim que recebeu a nóticia, uma sensação de tremor e nervoso percorreu-lhe todo o corpo. Estava na hora. A Sara estava mesmo a chegar!

Eram 4h quando o chamaram para entrar para uma box onde já se encontrava a minha mãe ligada ao CTG digital contínuo. As horas que se seguiram foram as mais longas de todas. As contracções subiam exponencialmente de dor, e os intervalos iam sendo cada vez mais curtos. O meu pai, sentado numa cadeira à beira da cama, segurava na mão da minha mãe. No espaço de tempo da contracção, a mão dele era apertada, mas ele não se importava, apenas desejava no seu íntimo que tudo aquilo passasse rápido.

Foi uma surpresa quando às 7h00 veio a enfermeira fazer novo toque, e qual não foi o nosso espanto quando já tinhamos quase 3 dedos, a quantidade minima para levar a epidural. Mandaram sair o meu pai, e em meia hora, foi dada a santissima epidural. Quando lha administraram, por pouco já não poderia ser dada, pois dilatou até aos 7 dedos numa velocidade nunca antes vista. A dilatação que esperavam levar horas, levou afinal muito pouco tempo. Chegou a hora de fazer força, e a minha mãe portou-se lindamente. Nunca pensei, juro! Fez força quando a senhora da bata branca dizia, e assim que saiu a minha cabecinha, viram que eu tinha uma circular no pescoço. O meu cordão tinha-se enrolado. Pediram logo que a minha mãe parasse de fazer força, mas segundo ela, é totalmente impossível de controlar. A vontade existe, e parece que tem vida própria, muito para além de nós. Soltaram o cordão um pouco mais e retiraram a circular. Mais 2 forças muito muito fortes e eu nascia às 8h04 minutos. O meu pai, que tinha acompanhado tudo desde inicio, estava maravilhado. Foi com as mãos a tremer que cortou o laço que iniciava a minha vida cá fora. Foi lindo, indescritível. Ai estava eu, em cima da barriga da minha mãe, a chorar, e já com os olhos abertos. Os meus pais, de mãos dadas, a olhar para mim, sentiam-se os pais mais felizes do mundo.

De todo o tempo que estivemos na maternidade, apenas temos a dizer bem. Das pessoas, sempre presentes, sempre dispostas a ajudar. Foi tudo maravilhoso.

6 comentários:

Patrícia Teodoro disse...

fico muito feliz por ter tudo corrido bem...e momentos como este repletos de amor e carinho...é isto que nos enche as vidas...muitas felicidades.

Dinastia FilipiNHa disse...

Que lindo...

Um beijinho grande...

Diana Vasco disse...

Pronto...estou a chorar e a recordar o meu parto uma vez mais.
É tão lindo, tão mágico, tão nosso! É um momento que marca as nossas vidas p sempre!
Que bom que correu tdo bem. A Sara é linda, perfeitinha e com um ar tão sereno. Beijinhos grandes e bons momentos a 3! =)

© | TéTé £ XαVιєR | disse...

Snif… snif… que emoção!
Tudo correu bem, graças a Deus! Parabéns por tudo!
Xi ♥ GRANDE
Tété & Xavier

Anónimo disse...

Olá, mas que relato lindo, afinal a passeata dos Restauradores ao Marquês não foi necessária...:-)
Beijinhos,Sofia,Pedro e Joana

Cláudia disse...

Olá!
Vim cá ter através dos babyblogs...
Eu não passei tanto tempo com dores como tu, mas a minha dilatação foi mais ou menos como a tua. Passei de 3 cm de dilatação para periodo expulsivo, numa hora. Estavam todos surpreendidos, porque no primeiro parto isto costuma levar horas...

Mas ainda bem que foi rápido não é?

Beijinhos e felicidades para voçês